Mulher...

terça-feira, 6 de julho de 2010


O escritor americano Walter Trobisch narrou em seu livro “Amor: Um Sentimento a Ser Aprendido”, uma lenda indiana sobre a criação do homem e da mulher. Diz ele que o criador ao criar o homem, usou todos os elementos sólidos da natureza e, ao fazer a mulher, percebe que não havia mais nenhum elemento sólido, concreto, disponível. Então, resolve o criador tomar o farfalhar da grama, a doçura do mel, o canto do rouxinol, a astucia de uma serpente, prudência de uma pomba, a crueldade de uma tigresa, a tagarelice de um papagaio e cria a mulher.
“Após uma semana, o homem voltou e disse: - Senhor, a criatura que você me deu faz a minha vida infeliz. Ela fala sem cessar e me atormenta de tal maneira que nem tenho tempo para descansar. Ela insiste em que lhe dê atenção o dia inteiro… e assim as minhas horas são desperdiçadas. Ela chora por qualquer motivo e fica facilmente emburrada e, às vezes, muito tempo ociosa. Vim devolvê-la porque não posso viver com ela.
Depois de uma semana o homem voltou ao Criador e disse: - Senhor, minha vida é tão vazia desde que eu trouxe aquela criatura de volta! Eu sempre penso nela, em como ela dançava cantava, como era graciosa, como me olhava, como conversava e comigo e como se achegava a mim. Ela era agradável de ver e de acariciar. Eu gostava de ouvi-la rir. Por favor, me dê ela de volta. - Está bem, disse o Criador. E a devolveu.
Mas, três dias depois, o homem voltou e disse: - Senhor, eu não sei. Eu não consigo explicar, mas depois de toda esta minha experiência com esta criatura, cheguei à conclusão que ela me causa mais problemas do que prazer. Peço-lhe, tomá-la de novo! Não consigo viver com ela! O Criador respondeu: - Mas também não sabe viver sem ela. E virou as costas para o homem e continuou seu trabalho. O homem desesperado disse: Como é que eu vou fazer? Não consigo viver com ela e não consigo viver sem ela. E arremata o Criador: - Achei que, com as tentativas, você já tivesse descoberto. Amor é um sentimento a ser aprendido. É tensão e satisfação. É desejo e hostilidade. É alegria e dor. Um não existe sem o outro. A felicidade é apenas uma parte integrante do amor. Isto é o que deve ser aprendido. O sofrimento também pertence ao amor. Este é o grande mistério do amor. A sua própria beleza e o seu próprio fardo. Em todo o esforço que se realiza para o aprendizado do amor é preciso considerar sempre a doação e o sacrifício ao lado da satisfação e da alegria. A pessoa terá sempre que abdicar de alguma coisa para possuir ou ganhar outra coisa.
Terá que desembolsar algo para obter um bem maior e melhor para sua felicidade. É como plantar uma árvore frente a uma janela… Ganha sombra, mas perde uma parte da paisagem. Troca o silêncio pelo gorjeio da passarada ao amanhecer. É preciso considerar tudo isto quando nos dispomos a enfrentar o aprendizado do AMOR.
É assim… não sabemos viver com elas, mais definitivamente, não sabemos viver sem elas. Somos dependentes do sexo frágil. Eis a antítese, nossa maior fraqueza é a nossa maior força.
“Me diz, Deus, o que é que eu faço agora?
Se me olhando desse jeito ela me tem na mão
“Meu filho, agüenta.
Quem mandou você gostar
Dessa mulher de fases?”
Complicada e perfeitinha,
Você me apareceu.
Era tudo que eu queria,
Estrela da sorte.” (Mulher de Fases - Raimundos
Composição: Rodolfo / Digão / Fred / Canisso)
Nossas mulheres estão crescendo. Da luta ao direito do voto a presidente de nações. Os três mais importantes países da América do Sul; dois são governados por mulheres, Argentina e Chile, e o Brasil, ao que tudo indica será, e o país mais importante da Europa, Alemanha, também é governado por uma mulher.
“Dizem que a mulher
É o sexo frágil
Mas que mentira
Absurda!
Eu que faço parte
Da rotina de uma delas
Sei que a força
Está com elas…” (Mulher -Composição: Erasmo Carlos - Narinha)
Mulheres de Atenas, brasileiras, marcianas, americanas. Brancas, negras, pardas, amarelas. Altas, baixas, medianas. Magras, gordas, tricanas. Falantes, quietas, dissonantes. Amadas, amáveis, tratáveis. Polares, bipolares, tripolares. Minha, sua, nossa. Mães, filhas, netas, bisnetas. Avós, bisavós, tataravós. Charmosas, elegantes, chiques, bregas, cegas. Do norte, do sul, do leste, do oeste. Mulheres que amamos!
Pra descrever uma mulher
Não é do jeito que quiser
Primeiro tem que ser sensível
Se não, é impossível
Quem ver, por fora, não vai ver
Por dentro o que ela é
É um risco tentar resumir
Mulher…(Mulher - Elba Ramalho)
A mulher, como a língua portuguesa, não pode ser simplifica nem bestializada…é pessoa complexa.
Mulher, mulher, mulher
A mulher é a mulher
Melhor que uma mulher
Só dez mulher
Só dez mulher
Melhor que dez mulher
Só mil mulher
Só mil mulher

Uma mulher, duas mulher,
Três mulher, quatro mulher
Cinco mulher, seis mulher
Sete mulher, oito mulher
Nove mulher, dez mulher (Mulher, Mulher, Mulher -Neguinho da Beija Flor e Murilo Rayol)
O amor é uma escolha e uma ação. Escolha amar. Faça por amar. Amemos nossas mulheres! Nós não vivemos sem elas.
I si o mundo revirá
Nóis agarra no barranco
I si o carro enguiçá
Nóis arranca ele no tranco
Si o dinheiro acabar
Nóis levanta mais no banco
Mais só não pode é acabar com as muié
Nóis não vive sem muié
Nois é doido por muié (Nois Não Vive Sem Muié - Gilberto e Gilmar)

O mandamento é viver bem

quarta-feira, 19 de maio de 2010


Desde os primórdios da humanidade, os homens vêm buscado métodos os quais os tornem “especiais” ou “melhores” para terem um relacionamento com Deus. Alguns adotaram a idéia de se separarem da sociedade para não se corromperem, pois a sua compreensão é de que se separando ou isolando-se obteriam um relacionamento com o Divino. Outros buscaram e buscam ver a vida hoje como algo sem valor, pois esta é passageira e o que importa é cuidar do espírito para a vida após a morte.
Nietzsche preconiza a vida, do contrário dos cristãos contemporâneos seus que a desvalorizam colocando a sua expectativa na vida após a morte, e titulando algumas atitudes naturais como pecado ou tributária do diabo, ou seja, eles classificaram a vida em dicotomias; ou é de Deus ou do diabo, ou bom ou ruim, excluindo todas as possibilidades de que na vida não se tem uma(s) opção(ões) natural, exemplo disso é o individuo tomar banho de praia, é de Deus ou do diabo? Alguns cristãos classificam do diabo, pois se tem o prazer no ato. Jesus Cristo executou aqui na terra o modo de como se ter um relacionamento com Deus, ELE mostrou que para se ter um relacionamento com o Divino não precisa ser “divino” ou se sentir melhor que o outro, porém bastando ser um ser humano, executando o fruto do espírito que não é nada “transcendental” para o alcance humano. Não discordo de ovacionar a vida pós a morte, do contrario devemos viver na expectativa, porém não desvalorizando a vida aqui na terra e sim ter a consciência de que a vida em cristo ou com cristo começa aqui, contudo é preciso entender que esta vida não e só da dicotomia, mas também do “entre”, ou seja, se existe o desejo de comer melancia não precisa classificar se é algo bom ou ruim, se é de Deus ou não, pois existe a naturalidade da vida. Cristo chamou a todos para ser seres humanos, pois o mundo estava perdeu a sua identidade, e estavam num processo de desumanização ou estavam querendo ser divinos ou anjos, contudo se observarmos a vida com Cristo, esta se resume em amar. Observando o fruto do espírito que está escrito em gálatas 5:22, dependendo totalmente de Deus, e sendo ELE que nos capacita.
O mandamento é viver bem.


Rafael de Q. Torres...

Mentira..

sábado, 8 de maio de 2010

Era mais de meia noite, minha cabeça estava pesada com os vários pensamentos que vinham sobre o que vinha estudado e lido durante a semana... Para “distrair”(ou para mim deixar mais doido) comecei a ler Nietzsche. No decorrer da leitura diante de linguagens escabrosas e expressões nimiamente complexas algo chama a minha atenção e faz com que minha capacidade de interpretar decida estacionar naquela colocação “verdadeira” e clara de Nietzsche... Quem tem razões de sair da realidade pela mentira? Aquele que sofre da realidade. Mas sofrer da realidade quer dizer ser uma realidade que fracassou.

Quando mentimos é para esconder de algo que vai nos fazer mal de alguma maneira ou para privarmos alguém próximo de algo que o faça mal também.
“A boa-fé é uma virtude, é claro, o que a mentira não poderia ser. Mas isto não quer dizer que toda mentira seja condenável nem, a fortiori, que devamos sempre nos proibir de mentir. Nenhuma mentira é livre, por certo, mas quem pode ser sempre livre? E como o seríamos, diante dos maus, dos ignorantes, dos fanáticos, quando eles são os mais fortes, quando a sinceridade para com eles seria cúmplice ou suicida? Caute... A mentira nunca é uma virtude, mas a tolice também não, mas o suicídio também não. Simplesmente, às vezes é preciso se contentar com o mal menor.” (Comte-Sponville, 1995, pp.120-1, o grifo é nosso).
Suponhamos que você escondeu um judeu perseguido pela Gestapo no sótão da sua casa. Suponhamos que três agentes da polícia de Hitler batem na sua porta e perguntam: “O senhor por acaso viu, seu vizinho, um judeu chamado Jakob Rosenthal ?” Como bom kantiano e para manter a coerência em relação aos princípios éticos do mestre, você teria que dizer: “Não só o vi como também o escondi no sótão”. Com isto você estaria ferindo gravemente a Ética e também o próprio pé em que você deu um tiro (pois esconder judeus era crime grave na Alemanha nacional-socialista). E tudo isto só para não mentir para reles nazistas! “Morrer, se preciso for, mentir nunca!” Kant...

A mentira neste mundo pós-moderno adota o conceito kantiano, porém no decorrer da historia existem vários víeis... mas como Nietzsche e Comte-Sponville coloca, entendo que independente se ela gera conseqüência ou não ficamos presos a algo, ou seja, de alguma maneira ou outra nos desassociamos da realidade...



Rafael Q.T.

Poderio, poder, poderoso...

domingo, 11 de abril de 2010


Atos miraculosos, ações extraordinárias tem sido os desejos mais ambicioso de todo ser humano. A ambição pelo poder, pela força tem refutado de nós a percepção de como as coisas simples é transcendental.
Anelamos o poder na intenção de mudarmos uma situação num piscar de olhos para não termos o incomodo de nos desgastar tomando atitudes que vão nos fazer sacrificar ou sangrar. Para que também sejamos o centro das atenções e para que nós sejamos percebidos. Para num momento desgraçado revertemos o quadro. Queremos poder. Poder miraculoso, extraordinário, impressionante, incomparável, sobrenatural...
A compreensão de que poderoso é aquele que detém um poder mais elevado de que qualquer outro ser.
Poderoso é aquele que tem o controle do seu próprio poder, e não é dominado por ele. Todo poderoso (filme com Jim Carey), expõe bem o poder sobrenatural nas mãos de um homem, do qual no fim das contas não consegue controla-lo... é definido que esse homem é poderoso... Porém não é...
Milagre é um jovem renunciar as drogas para buscar o estudo... Milagre é perdoar quem nos machucou... Poder é amar os outros como nós nos amamos... Poder é ajudar o haiti...o chile... o Rio de Janeiro...
Ser poderoso é reconhecer que você é o próprio milagre simples e transcendente...

Mais pessoas vão para o céu com a Visa!

quinta-feira, 18 de março de 2010


É um vergonha! Nas comunidades eclesiais os membros não sabem o significado do dízimo; a simbologia que o dizimo/oferta tem é de reconhecimento do individuo de que tudo pertence a Deus...Porém, pessoas dão na intenção de receber 7 vezes mais ou algo em troca, pois, muitos lideres vêm usando esta tática para tomar dinheiro do povo e é comprovado que os mais influenciados são os de classe baixa. Já ouvi casos de pessoas darem suas casas e passarem a residir nas ruas. Precisa-se retomar o sentido do que é dízimo/oferta.

JOVEM JOVEM ABRE O OLHO!!



Rafael QT

oO

Deus, Jesus e o pluralismo religioso - Entrevista com John Hick polêmico

quarta-feira, 3 de março de 2010


Para John Hick, a encarnação divina é uma idéia metafórica. “Assim, tomando um exemplo da recente história da África do Sul, podemos dizer que Nelson Mandela encarnou, vivenciou plenamente o espírito de perdão e reconciliação. Neste sentido metafórico, Jesus encarnou o espírito da autodoação em resposta a uma consciência do Pai celeste.” Para ele, considerando Jesus como um grande profeta e doutrinador espiritual o cristianismo está preparado para um genuíno diálogo com outras crenças, em benefício da paz mundial.
O inglês John Hick, teólogo e filósofo da religião, é considerado um dos teólogos com vasta reflexão sobre a teologia do pluralismo religioso. Oriundo da tradição presbiteriana da Inglaterra, hoje ligada à Igreja Reformada, é autor de diversos livros, ainda pouco conhecidos no Brasil. Entre suas obras publicadas em português, citamos A metáfora do Deus encarnado (Petrópolis: Vozes, 2000) e Teologia cristã e pluralismo religioso: o arco-íris das religiões (São Paulo: Attar, 2005).

entrevistador - Quem é Jesus Cristo? O que destacaria sobre ele a partir de sua reflexão teológica?

John Hick - Jesus de Nazaré foi um homem, um judeu, que emergiu no último ou nos dois últimos anos de sua vida como um pregador e curador carismático, chamou discípulos para segui-lo e foi visto por eles como o esperado messias. Ele foi executado pelos romanos, pois houve, mais cedo ou mais tarde, pessoas que o aclamavam, ou foram aclamadas por outros, como o messias dos judeus. Por aproximadamente dois mil anos, seus ensinamentos sobre como viver (particularmente no Sermão da Montanha) e suas vívidas parábolas sobre o amor de Deus sustentaram a Igreja cristã. Ele mesmo não pretendeu fundar uma igreja, ou uma nova religião, porque ele acreditava que, dentro de alguns anos, Deus haveria de intervir para encerrar a Era presente e inaugurar Seu reino na terra. Jesus não pensou sobre si mesmo como Deus encarnado, ou como a Segunda Pessoa da divina Trindade, mas como alguém chamado por Deus para profetizar o próximo Fim. Mas, pelo final do primeiro século (como vemos no Evangelho de João), a Igreja, amplamente construída por São Paulo, chegou a divinizá-lo.

entrevistador - Em sua obra sobre a teologia cristã das religiões, você fala que Jesus foi “um homem aberto à presença de Deus num grau verdadeiramente impressionante e que era alimentado por uma consciência de Deus extraordinariamente intensa”. Qual é o lugar de Jesus de Nazaré em sua hipótese pluralista?

John Hick - Sim, a consciência de Jesus sobre a presença de Deus deve ter sido extraordinariamente intensa. O seu lugar entre as hipóteses pluralistas é uma de um grande número de grandes figuras espirituais que se encontram na origem de novos movimentos religiosos – o Buda, Zoroastro, Mahavira, Moisés, Jesus, Maomé, Nanak...

entrevistador - A seu ver, quais são alguns efeitos problemáticos que acompanharam ao longo da história a doutrina cristã da encarnação? É correto dizer que a doutrina da encarnação provoca necessariamente a reivindicação de superioridade do cristianismo sobre as outras religiões?

John Hick - Se Jesus foi Deus encarnado, isto significa que o cristianismo, único entre as religiões do mundo, foi fundado por Deus em pessoa. Ele é, então, a religião do próprio Deus, para a qual Ele deseja que toda a humanidade seja conduzida. Esta foi, de fato, a visão da Igreja durante muitos séculos. Isso conduziu a que se denegrissem outras crenças, ignorando sua verdadeira natureza, conduzindo também a males tão nefastos como a secular perseguição dos judeus, bem como às cruzadas.

entrevistador - Você aponta, em suas obras, questionamentos precisos às reflexões cristológicas que acompanham os concílios de Nicéia e Calcedônia. A seu ver, há que avançar teologicamente para além desses concílios? Em que sentido?

John Hick - Sim, as formulações de Nicéia[7] e Calcedônia[8] poderiam ser encaradas como importantes documentos históricos, mas já não são usadas hoje em dia. Os teólogos jamais foram capazes de tornar inteligível a idéia de que Jesus tem duas naturezas, uma humana e a outra divina. Como pode um indivíduo histórico ser ambas as coisas, humanamente finito e divinamente infinito, humanamente frágil e divinamente onipotente, humanamente ignorante e divinamente onisciente, humanamente criado e divinamente o criador do universo?

entrevistador - Que elementos devem ser levados em conta para uma cristologia em diálogo com a contemporaneidade?

John Hick - Nós precisamos ver a idéia da encarnação divina como uma idéia metafórica. Encarnar-se, para exemplificar, é incorporar-se para viver plenamente sua própria vida. Assim, tomando um exemplo da recente história da África do Sul, podemos dizer que Nelson Mandela encarnou, vivenciou plenamente o espírito de perdão e reconciliação. Neste sentido metafórico, Jesus encarnou o espírito da autodoação em resposta a uma consciência do Pai celeste. (“Filho de Deus” é, por conseguinte, uma metáfora, familiar no âmbito do judaísmo: Adão foi filho de Deus, os anjos eram filhos de Deus, os antigos reis hebreus foram coroados como filhos de Deus e, de fato, qualquer judeu realmente piedoso e bom poderia ser chamado filho de Deus.) Com Jesus visto como um grande profeta e doutrinador espiritual, o cristianismo está, pois, preparado para um genuíno diálogo com outras crenças, em benefício da paz
mundial.

comentem!!

O encanto dos Orixás

sexta-feira, 26 de fevereiro de 2010

Quando atinge grau elevado de complexidade, toda cultura encontra sua expressão artística, literária e espiritual. Mas ao criar uma religião a partir de uma experiência profunda do Mistério do mundo, ela alcança sua maturidade e aponta para valores universais. É o que representa a Umbanda, religião, nascida em Niterói, no Rio de Janeiro, em 1908, bebendo das matrizes da mais genuina brasilidade, feita de europeus, de africanos e de indígenas. Num contexto de desamparo social, com milhares de pessoas desenraizadas, vindas da selva e dos grotões do Brasil profundo, desempregadas, doentes pela insalubridade notória do Rio nos inícios do século XX, irrompeu uma fortíssima experiência espiritual.

O interiorano Zélio Moraes atesta a comunicação da Divindade sob a figura do Caboclo das Sete Encruzilhadas da tradição indígena e do Preto Velho da dos escravos. Essa revelação tem como destinatários primordiais os humildes e destituídos de todo apoio material e espiritual. Ela quer reforçar neles a percepção da profunda igualdade entre todos, homens e mulheres, se propõe potenciar a caridade e o amor fraterno, mitigar as injustiças, consolar os aflitos e reintegrar o ser humano na natureza sob a égide do Evangelho e da figura sagrada do Divino Mestre Jesus.

O nome Umbanda é carregado de significação. É composto de OM (o som originário do universo nas tradições orientais) e de BANDHA (movimento inecessante da força divina). Sincretiza de forma criativa elementos das várias tradições religiosas de nosso pais criando um sistema coerente. Privilegia as tradições do Candomblé da Bahia por serem as mais populares e próximas aos seres humanos em suas necessidades. Mas não as considera como entidades, apenas como forças ou espíritos puros que através dos Guias espirituais se acercam das pessoas para ajudá-las. Os Orixás, a Mata Virgem, o Rompe Mato, o Sete Flechas, a Cachoeira, a Jurema e os Caboclos representam facetas arquetípicas da Divindade. Elas não multiplicam Deus num falso panteismo mas concretizam, sob os mais diversos nomes, o único e mesmo Deus. Este se sacramentaliza nos elementos da natureza como nas montanhas, nas cachoeiras, nas matas, no mar, no fogo e nas tempestades. Ao confrontar-se com estas realidades, o fiel entra em comunhão com Deus.

A Umbanda é uma religião profundamente ecológica. Devolve ao ser humano o sentido da reverência face às energias cósmicas. Renuncia aos sacrifícios de animais para restringir-se somente às flores e à luz, realidades sutis e espirituais.

Há um diplomata brasileiro, Flávio Perri, que serviu em embaixadas importantes como Paris, Roma, Genebra e Nova York que se deixou encantar pela religião da Umbanda. Com recursos das ciências comparadas das religiões e dos vários métodos hermenêuticos elaborou perspicazes reflexões que levam exatamente este título O Encanto dos Orixás, desvendando-nos a riqueza espiritual da Umbanda. Permeia seu trabalho com poemas próprios de fina percepção espiritual. Ele se inscreve no gênero dos poetas-pensadores e místicos como Alvaro Campos (Fernando Pessoa), Murilo Mendes, T. S. Elliot e o sufi Rumi. Mesmo sob o encanto, seu estilo é contido, sem qualquer exaltação, pois é esse rigor que a natureza do espiritual exige.

Além disso, ajuda a desmontar preconceitos que cercam a Umbanda, por causa de suas origens nos pobres da cultura popular, espontaneamente sincréticos. Que eles tenham produzido significativa espiritualidade e criado uma religião cujos meios de expressão são puros e singelos revela quão profunda e rica é a cultura desses humilhados e ofendidos, nossos irmãos e irmãs. Como se dizia nos primórdios do Cristianismo que, em sua origem também era uma religião de escravos e de marginalizados, “os pobres são nossos mestres, os humildes, nossos doutores”.

Talvez algum leitor/a estranhe que um teólogo como eu diga tudo isso que escrevi. Apenas respondo: um teólogo que não consegue ver Deus para além dos limites de sua religião ou igreja não é um bom teólogo. É antes um erudito de doutrinas. Perde a ocasião de se encontrar com Deus que se comunica por outros caminhos e que fala por diferentes mensageiros, seus verdadeiros anjos. Deus desborda de nossas cabeças e dogmas.



Leonardo Boff

A ORAÇÃO A DEUS DE NIETZSCHE

terça-feira, 2 de fevereiro de 2010

São célebres, entre outras, as seguintes afirmações de Friederich Nietzsche:

"Deus está morto. Viva perigosamente. Qual o melhor remédio? - Vitória!".

"A fé é querer ignorar tudo aquilo que é verdade."

"As convicções são cárceres."

"As convicções são inimigas mais perigosas da verdade do que as mentiras."
"O cristianismo foi, até ao momento, a maior desgraça da humanidade, por ter desprezado o Corpo."

Nietzsche não descobriu a “verdade” e há afirmações históricas de que morreu louco, eventualmente como consequência da sífilis.

Mas este filósofo tinha uma oração ao Deus desconhecido, que rezava assim:

“Antes de prosseguir o meu caminho e lançar o meu olhar para a frente, uma vez mais elevo, só, as minhas mãos a Ti na direcção de quem fujo.

“A Ti, das profundezas do meu coração, tenho dedicado altares festivos para que, em cada momento, a Tua voz me pudesse chamar.

“Sobre estes altares estão gravadas em fogo estas palavras: “Ao Deus desconhecido.”

“Teu, sou eu, embora até ao presente me tenha associado aos sacrilégios.

“Teu, sou eu, não obstante os laços que me puxam para o abismo.

“Mesmo querendo fugir, sinto-me forçado a servir-Te.

“Eu quero conhecer-Te, desconhecido.

“Tu, que me penetras a alma e, qual turbilhão, invades a minha vida.

“Tu, o incompreensível, mas meu semelhante, quero conhecer-Te, quero servir-Te só a Ti.”






(Esta oração foi retirada do livro Os Segredos do Pai-Nosso, de Augusto Cury, Ed. Pergaminho, págs. 164 e 165).

Jesus, o ser humano Part 1

Ao observar os discursos, as parábolas e os demais tipos de alocuções exposto por Jesus, é visto que não há "nada" de divíno que tenha sido manifestado em suas orações, mas uma ilustre e esplêndida demonstração de como ser realmente um humano. É fulcral perceber a paixão de Deus ao ponto de se limitar, tornando totalmente humano, utilizando a linguagem, os pensamentos e atitudes que não fosse além da esfera humana (com excessão de seu nascimento e ressurreição), é como se fosse um passáro que decidisse só andar e não voar ainda que tenha asas. Sendo onisciente decidiu refutar suas elucubrações sapienciais afim de quando ouvir sobre determinado pensamento não utilizasse de sua sabedoria transcendental e sim em se preocupar em pensar, estudar como qualquer ser humano, afim de entender agora como um ser humano e não como Deus seus pensamentos, sentimentos, dificuldades, dentre outros paradgimas e ensinar como viver sem destruir a vida.


Continua...



Rafael Q. Torres
"Examinai tudo. Retende o que é bom.”
- I Tessalonicenses, 5:21 -

O Senhor e Rei eterno
 

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