Mentira..

sábado, 8 de maio de 2010

Era mais de meia noite, minha cabeça estava pesada com os vários pensamentos que vinham sobre o que vinha estudado e lido durante a semana... Para “distrair”(ou para mim deixar mais doido) comecei a ler Nietzsche. No decorrer da leitura diante de linguagens escabrosas e expressões nimiamente complexas algo chama a minha atenção e faz com que minha capacidade de interpretar decida estacionar naquela colocação “verdadeira” e clara de Nietzsche... Quem tem razões de sair da realidade pela mentira? Aquele que sofre da realidade. Mas sofrer da realidade quer dizer ser uma realidade que fracassou.

Quando mentimos é para esconder de algo que vai nos fazer mal de alguma maneira ou para privarmos alguém próximo de algo que o faça mal também.
“A boa-fé é uma virtude, é claro, o que a mentira não poderia ser. Mas isto não quer dizer que toda mentira seja condenável nem, a fortiori, que devamos sempre nos proibir de mentir. Nenhuma mentira é livre, por certo, mas quem pode ser sempre livre? E como o seríamos, diante dos maus, dos ignorantes, dos fanáticos, quando eles são os mais fortes, quando a sinceridade para com eles seria cúmplice ou suicida? Caute... A mentira nunca é uma virtude, mas a tolice também não, mas o suicídio também não. Simplesmente, às vezes é preciso se contentar com o mal menor.” (Comte-Sponville, 1995, pp.120-1, o grifo é nosso).
Suponhamos que você escondeu um judeu perseguido pela Gestapo no sótão da sua casa. Suponhamos que três agentes da polícia de Hitler batem na sua porta e perguntam: “O senhor por acaso viu, seu vizinho, um judeu chamado Jakob Rosenthal ?” Como bom kantiano e para manter a coerência em relação aos princípios éticos do mestre, você teria que dizer: “Não só o vi como também o escondi no sótão”. Com isto você estaria ferindo gravemente a Ética e também o próprio pé em que você deu um tiro (pois esconder judeus era crime grave na Alemanha nacional-socialista). E tudo isto só para não mentir para reles nazistas! “Morrer, se preciso for, mentir nunca!” Kant...

A mentira neste mundo pós-moderno adota o conceito kantiano, porém no decorrer da historia existem vários víeis... mas como Nietzsche e Comte-Sponville coloca, entendo que independente se ela gera conseqüência ou não ficamos presos a algo, ou seja, de alguma maneira ou outra nos desassociamos da realidade...



Rafael Q.T.

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- I Tessalonicenses, 5:21 -

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