"...se o homem fosse imortal não precisaria de Deus..."
Esta é uma expressão paradoxa no que se refere a minha opinião, pois concordo discordando.
Aceito-a quando sou ambicioso e desejo tudo o que é de bom para mim, e este "para mim" inclui toda minha família para que eu seja menos ruim e egoísta. Concordo com ela quando me reporto as minhas questões de preocupações, meu emprego, minha família e as outras coisas que saem do âmbito do pronome possessivo da primeira pessoa do singular (meu/minha), lamento, faço uma oração ou reza, posso até chorar, mas só isso, nada além disto, pois tenho muita conta para pagar, igreja (a missa ou o culto) para ir, filhos para educar, mulher para cuidar... Não preciso de Deus, pois sou o meu próprio deus...
Discordo dela quando vejo que Deus traz um ônus em minha consciência quando refuto os outros da minha existência, é a sua causa que paro de pensar um pouco em mim para pensar na outra pessoa, pois não tem como pensar em Deus sem se remeter ao homem, sendo todo misantropismo e ódio mortal infinito contra uma pessoa uma forma de ateísmo. É como numa estória do samaritano que não conhece o homem estendido na estrada e que passando por ele o ajuda, abre mão de seus afazeres para se ocupar com um problema que não é dele, fazendo-se próximo. Deus é o peso na consciência humana que preconiza um trajeto que muitas vezes abre mão da nossa atividades. Há limites que precisam ser respeitados, mas há serviços que necessariamente precisam ser prestados. Não aceito quando amo, respeito e converso com o outro totalmente diferente. Deus, me faz ir além da fronteira do eu. Preciso de Deus para não matar o próximo.
e,
se o homem fossem imortal e não precisasse de Deus, com certeza ele inventaria uma maneira de matar o outro...
Preciso de Deus para ver que não só existe eu neste mundo, mas outros seres humanos e que muitas vezes irão precisar de mim.
"A melhor religião é aquela que me aproxima de Deus, ajudando-me a amar os outros" (RQT)
(Rafael de Queiroz Torres)
"se todos se amassem não seria preciso lei e bíblia"(Tolstói)
